quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Alcoolismo: um problema do presente e do futuro

Quão tentadora é essa prática! Sim, pois a época em que o considerado normal é consumir bebidas alcoólicas chegou. Nossa sociedade já aceita com naturalidade o consumo entre menores de idade, mesmo a margem da lei. A precariedade na educação brasileira no contexto geral, o despreparo das famílias para lidar com seus adolescentes (cedendo muitas vezes a argumentos superficiais do tipo: só você não me deixa ir, todo mundo vai), as influências do convívio em grupos, tendências modísticas, a permissividade com as propagandas por parte das autoridades e a apelação da mídia de forma geral, são alguns dos fatores que contribuem para a manutenção desse novo conceito jovem de interação social, que passa pelos porres e perigos a médio e longo prazo a que o álcool é capaz de nos expor.
O alcoolismo já seria um problema suficientemente grande se não fossem os agravantes do consumo no meio jovem. Eu explico: quando as bebidas são provadas de forma precoce, as chances de que esse adolescente se torne um alcoólatra no futuro se multiplicam, pois o organismo passa a se acostumar mais cedo com essa substância, aumentando as chances de que no futuro ela se torne indispensável para a manutenção do bem estar psicológico e físico dos adolescentes. Estes jovens geralmente desconhecem ou desconsideram essas explicações por terem um estilo de vida onde a prioridade é “o aqui e o agora”, típico da inexperiência. O álcool pode acarretar em danos cognitivos ao jovem, pois a precocidade do consumo lesiona conexões e neurônios cerebrais, e isso pode ocasionar em perda com níveis variáveis da capacidade de processamento cerebral, onde a memória prejudicada é algo observado. Esses neurônios perdidos infelizmente não se regenerarão, característica peculiar desse tipo de célula.
Coforme a frequência do consumo aumenta, o usuário poderá ser classificado como um bebedor de risco, porém, pergunte a uma dessas pessoas (ou se não a si próprio) como é a sua relação com o álcool e ela lhe responderá que só bebe socialmente. A não aceitação do vício é um comportamento bastante comum, já que alcoólatras são vistos como pessoas descontroladas psicologicamente. Bêbados de rua são tratados de forma desprezível ou ignorados, muitas vezes pelos também consumidores. A inicialização dessa prática, muitas vezes justificada pela necessidade de se “entrosar com a galera”, tem como extremo justamente o isolamento social. Outra saída encontrada para a não aceitação é a intelectualização, ex: bebi porque a minha mulher me deixou; bebi porque meu time perdeu; bebi porque meu time ganhou; ou mesmo motivos menos lógicos, mas aceitos, tipo, bebi porque é fim de semana. Esse último caso nos chama a atenção porque pode ser usado como determinante para o tipo de bebedor. O importante para ele é que o fato de estar bebendo seja devido a um motivo específico, assim ele se sentirá ainda no controle, e beber vai se tornando algo normal e até mesmo complementar.
É considerado bebedor social a pessoa que bebe apenas em oportunidades esporádicas, como em festas, confraternizações e etc. Porém, alerto que quem bebe nos fins de semana não é um bebedor social, pois o fim de semana não é uma ocasião especial, mas sim o final da semana, somente. Mas outros podem dizer que vão a festas todos os fins de semana e só por isso bebem em todos eles, porém, isso não anula o fato de que o uso frequente faz mal à saúde, apenas justifica o uso. Se você bebe apenas por que tem vontade e geralmete passa da conta, acenda o sinal de alerta, pois essa frequência do consumo só tende a aumentar. Outro aspecto para a auto-análise é a opinião dos que convivem com você, seja a família, os amigos de farra ou não. Preste atenção nas opiniões deles sobre você e considere a possibilidade deles não serem apenas chatos com inveja, mas sim, pessoas que lhe conhecem por muito tempo e se preocupam com você. Se beber faz bem a saúde?! Quem sabe. Mas certamente não é passando da dose que o Brasil vai melhorar a saúde e muito menos garantir o seu tão falado futuro promissor.


Beber moderadamente com certeza não é algo abominável, pelo contrário, faz até bem, mas divulgar isso é correr o risco das pessoas terem mais um motivo que justifique o consumo. Isso por que o Brasil não dispõe de uma política séria de combate ao alcoolismo, não impedindo se quer a venda para menores de idade, o básico. Assim, chegamos ao ponto onde nos questionarmos sobre como será o futuro do nosso país, já que dependeremos da força de trabalho da juventude atual. É isso, erramos no passado e agora vamos colher no futuro. Mas o bom é que ainda está em tempo de plantar, investindo um pouco mais na reabilitação e muito mais na prevenção de novos viciados. A solução inclui o investimento a longo prazo em educação de qualidade, fazendo o nosso país se tornar cada vez mais sóbrio, só assim os jovens passarão a ter, de forma progressiva, uma ampliação do conceito de diversão que vai muito além do que o álcool promete nos dar.
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